Deixa-me encostar a cabecinha
Que sou pobre como Job
Deixa-me chamar às vezes pela mãezinha
E aprender a ficar só
Começar a contar
Branca a branca o nosso amor
Sem fintar, sem temor
Filho a filho eu te amaria
Mais o pão de cada dia
Deixa-me enterrar tuas raízes
No meu corpo de água e sal
Deixa-me não ouvir bem aquilo que tu dizes
Quando não leste o jornal
Começar a contar
Hora a hora tantas vezes
Treze anos, nove meses,
Gesto a gesto eu te amaria,
Mais o pão de cada dia
Às vezes melhor, outras vezes pior
Fomos acertando pensamentos
E a vida lá fora
É que nos dava a cor
Para pintar o amor
Que estava dentro
Deixa-me sentar numa cadeira
E descansar a teu lado
Deixa-me gritar cá à minha maneira
Que eu grito sempre calado
Começar a contar
Um a um os companheiros
Os de agora, os primeiros
Mão a mão eu te amaria
Mais o pão de cada dia