Sabe, sabe, o povo todo sabe
O que hoje está na mó de cima amanhã desaba
Sabe, sabe, o povo todo sabe
Não há escala sem descida e o povo todo sabe
Catorze anos a morar no beco
Apadrinhado pela noite fria
Um caldo verde, meio paposseco
A barriga dava pulos de alegria
Tino no pino, um destino, pese o clima censório
Purgatório de mau vinho e bom bravado
Palmo a palmo, a avançar no território
O consultório diz "percorre-o como serpente no prado"
Não me venhas com brindes ou foguetes de palha porque
Sabe, sabe, o povo todo sabe
O que hoje está na mó de cima amanhã desaba
Sabe, sabe, o povo todo sabe
Não há escalada sem descida e o povo todo sabe
Tentas derrubar-me sem usar a disciplina
Teu forte é um atestado de fraqueza sórdida
Sempre aberto a um bigode de menina
Afogas pão em molho choco quando há cá secura tórrida
Ensinei-te tudo, tudo aquilo que sabia
Vens dos saldos de talento, lá caráter não havia
Se eu falo, tu dizes
Se eu provoco, tu irritas
Se eu me calo, tu tens crises
Já se invento, tu imitas
Não me venhas com brindes
Ou foguetes de palha
Não me toques, não me ligues
Limpa a baba da mortalha
Não te ponhas em bicos de pés
Outra vez
Nem dez de ti apoucarão
O prazer da gratidão
Sabe sabe
O povo todo sabe
Não há escalada sem descida
E o povo todo sabe
Sabe sabe
O povo todo sabe
Não há escalada sem descida
E o povo todo sabe
Sabe sabe
O povo todo sabe
Não há escalada sem descida
E o povo todo sabe