Havia, no coração do leito
p'ra ser amado, um sonho
meu, quanto perfeito
E ele tinha um gosto p'lo despeito
rendido ao desabono
de um corpo maleito
Pensei em haver de mudar
Inventei raízes no luar
bem sei o que é meu de cuidar
mas ninguém torna são um negro ar
E deixei-o ao frio
Fui num mar inteiro
Que saiu dos olhos meus
da vida que é minha
E tapei o vazio
fui no mar primeiro
que eu caí do alto Céu
p'ra me dar a ninguém
Havia um coração desfeito
feitio amargo e sono
queimando no peito
E eu vinha doce por defeito
vertendo a mágoa à solta
num canto do leito
Pensei em ter de voltar
mas ninguém torna onde há medo no ar
E deixei-o ao frio
Fui num mar inteiro
Que saiu dos olhos meus
da vida que é minha
E tapei o vazio
fui no mar primeiro
que eu caí do alto Céu
p'ra me dar a ninguém
E deixei-o ao frio
Fui num mar inteiro
Que saiu dos olhos meus
da vida que é minha
E tapei o vazio
fui no mar primeiro
que eu caí do alto Céu
p'ra me dar a ninguém