Sente-se no divã, ouça o seu coração
Não pense no amanhã, não há nenhuma razão
Para a sua angústia omnipresente
Essa sua dúvida de seguir em frente
Valerá a pena? é esse o dilema
Já nem Deus lhe diz nem nenhum sistema
Você vê as folhas que o Outono mudaram
Perdeu um minuto já o ultrapassaram
Você não tem status é um pouco aéreo
Não mostra sinais ninguém o leva a sério
Sente-se no divã ouça o seu coração
Já não há papá mas ainda há papão
Mesmo que decida não sair da cama
Continua a vida fiel ao programa
Quem sabe para onde
Ninguém nos responde
Calendas centrais
Campos de morangos
Lagos de cristais
Sente-se no divã ninguém tem a solução
Reme ao Deus-dará contra a situação
Deixe o litoral povoe o interior
Salve Portugal e vença o seu pavor
Lá nas serranias é outro amanhecer
Junto com os dias você vai renascer
Se você não alinha e não agarra a chance
Você é um morrinha está fora do lance
Se é feliz com pouco se se senta no chão
Dizem que está louco não tem ambição
Você tem razão em sentir-se perdido
Não é você não que está deprimido
é o mundo lá fora que vive outra vida
Sem saber para onde você está de partida
Você está de partida
Calendas centrais
Campos de morangos
Lagos de cristais